A proprietária de uma das maiores redes de varejo da América Latina, Luiza Helena Trajano, tem como mantra a seguinte frase: "É na calmaria que mora o perigo". À frente de cerca de 1,5 mil lojas, a empreendedora começou a trabalhar aos 12 anos porque gostava de presentear pessoas. Hoje, faz diferença na vida de outras pessoas.
Nascida em Franca, interior de São Paulo, Luiza vem de uma família de comerciantes. Na adolescência, começou a trabalhar no magazine de apenas duas portas aberto pelos tios em 1957. Na época, a empresária conta que foi incentivada pela mãe e pela tia, porque adorava presentear os amigos.
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Amigas de longa data, Eliane e Luiza são cofundadoras do grupo Mulheres do Brasil, projeto sem fins lucrativos que defende o protagonismo feminino, a diversidade e a igualdade de chances entre gêneros e raças. A iniciativa é uma forma de tentar replicar o incentivo que Luiza teve no início da carreira.
"Eu escutei poucos nãos porque eu venho de uma família de mulheres empreendedoras", relata Trajano.
O que começou com 40 executivas conta com 110 mil mulheres em todo o mundo.
CRIANDO OPORTUNIDADES
A coordenadora do comitê de pessoas Telma Rodrigues afirma que Luiza é uma referência. "Ela incentiva muito. Ela motiva a gente a buscar um caminho pessoal de autonomia, de muita responsabilidade. Então, ela é uma pessoa que sabe levar as pessoas mais longe", afirma a coordenadora.
E para garantir que as pessoas tivessem a oportunidade de irem mais longe, ambas criaram um programa que oferece bolsas de estudos para funcionários sem exigir um comprometimento de ficar na empresa desde 1992. Telma conta que não tem a menor ideia de quem fica e quem vai.
"Não sei nem a estatística pra te dar, porque nós nunca controlamos isso", diz.
REESCREVENDO A HISTÓRIA
Quando assumiu a liderança da Magazine Luiza na década de 1990, a empresária fez questão de reescrever a história mecânica que estava presente na gestão. "O mercado de gestão sempre foi muito mecânico. [...] Era meio artificial", afirma.
"Eu nasci mulher e eu vim crescendo. Por que eu não poderia ter espaço?", questiona.
Para Trajano, o trabalho feminino é essencial nas empresas. "A mulher trabalha com mais sentido, ela trabalha com a intuição, com o espiritual", afirma.
No cotidiano, essas escolhas refletem até nas roupas. Até hoje, Luiza conta que não usa calça comprida para trabalharão porque vê nisso uma maneira de se reafirmar como mulher em posição de liderança.
"A medida que eu assumi que eu era uma líder feminina em um mundo masculino foi muito mais importante pra mim. Eu assumi uma posição que era verdadeira. Não precisei botar uma capa", finaliza.
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