Essa é a 14ª medalha brasileira na história dos Campeonatos Mundiais de Atletismo, iniciada em 1983, em Helsinque, na Finlândia. Com a conquista de Piu, termina o jejum de medalhas para a delegação verde e amarela. A última foi o bronze do Caio Bonfim na marcha atlética, em 2017. Essa é a segunda vez que um brasileiro conquista uma medalha de ouro no Mundial de Atletismo. A primeira veio na edição de 2011, com Fabiana Murer no salto com vara.
Após o título Mundial, o atleta paulista tentará o bicampeonato dos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023. Seu foco principal, no entanto, segue direcionado para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.
Alison guardou todas as suas energias para Eugene e não competiu na temporada indoor, em pista coberta, nos primeiros meses deste ano. O barreirista iniciou a preparação em outubro de 2021, em São Paulo, e prosseguiu depois em Chula Vista, no Centro Olímpico de Treinamento dos Estados Unidos, na região de San Diego, a partir de março.
GIGANTE
O atleta, de 2 metros de altura e 76 kg, sempre gostou de sonhar alto. O bronze dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, foi o início, reafirmado agora. "Temos de pensar grande e trabalhar muito para alcançar esses sonhos", afirmou, recentemente. "Em 2019, por exemplo, meu objetivo era ganhar o ouro no Pan-Americano Sub-20 em San José, acabei ganhando e depois venci os Jogos Pan-Americanos de Lima, o Sul-Americano, também de Lima, a Universíade de Napoli e fui finalista no Mundial de Doha", comentou. Tudo isso aos 19 anos.
Medalha de ouro no revezamento 4x400 m misto no Mundial Sub-18 de Nairóbi-2017, no Quênia, e bronze nos 400 m com barreiras no Mundial Sub-20 de Tampere-2018, na Finlândia, Alison, nascido em 3 de junho de 2000, em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, começou no atletismo ao ser convidado para fazer um teste na escola. Aprovado, foi chamado para treinar. Disse que demorou quatro meses para ir, incentivado por um amigo que treinava. Foi descoberto pela técnica Ana Cláudia Fidélis, do Instituto Edson Luciano Ribeiro, em São Joaquim da Barra.
Em 2019, aos 19 anos, quebrou sete vezes o recorde sul-americano sub-20, tendo conquistado títulos no adulto, como o dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, com 48s45, e da Universíade de Napoli, Itália, com 48s57, e chegando até ao sétimo lugar no Mundial de Doha, Catar, com 48s28.
Depois da pandemia de 2020, quando não competiu, em 2021, Alison quebrou seis vezes o recorde sul-americano dos 400 m com barreiras, correu oito vezes a prova abaixo dos 48 segundos e obteve a terceira melhor marca da história no Ranking da World Athletics ao conquistar a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com 46s72.
Também foi medalhista de prata com o 4x400 m misto do Brasil no Mundial de Revezamentos da Silésia, Polônia, e segundo na final da Liga Diamante, dia 9 de setembro, em Zurique (SUI), superado apenas pelo norueguês Karsten Warholm, recordista mundial, bicampeão mundial e campeão olímpico.
Vítima de um acidente doméstico quando tinha menos 1 ano - puxou uma panela de óleo fervendo e sofreu queimaduras na cabeça, no braço e nas costas, ficando internado um bom tempo - Alison tem convivido com as sequelas da melhor forma possível. Hoje, não usa mais os bonés para esconder a falta de cabelos. Enfrenta as dificuldades de cabeça erguida e peito aberto, cada vez mais confiante com sua evolução no esporte em crescimento contínuo.
JOAQUIM CRUZ, O PIONEIRO
Joaquim Cruz, chefe da delegação brasileira no Oregon "abriu a porteira" para os atletas brasileiros brilharem em mundiais. Com ele, o Brasil subiu ao pódio logo na primeira edição do Campeonato Mundial de Atletismo, disputada em Helsinque, na Finlândia, em 1983, com a medalha de bronze nos 800m. Um ano depois, seria campeão olímpico em Los Angeles. O brasileiro cruzou a linha de chegada em 1m44s27, atrás apenas do alemão Willi Wülbeck (1m43s65) e do holandês Rob Druppers (1m44s20).
TODAS AS MEDALHAS BRASILEIRAS EM MUNDIAIS
OURO
Fabiana Murer salto com vara Daegu (Coreia do Sul)/2011
Alison dos Santos 400m c/ barreiras Eugene (EUA)/2022
PRATA
Zequinha Barbosa 800 m Tóquio (Japão)/1991
Claudinei Quirino 200 m Sevilha (Espanha)/1999
Sanderlei Parrela 400 m Sevilha (Espanha)/1999
Vicente Lenílson, Edson Luciano, André Domingos e Cláudio Roberto revezamento 4 x 100 m Paris (França)/2003
Jadel Gregório salto triplo Osaka (Japão)/2007
Fabiana Murer salto com vara Pequim (China)/2015
BRONZE
Joaquim Cruz 800 m Helsinque (Finlândia)/ 1983
Zequinha Barbosa 800 m Roma (Itália)/1987
Luiz Antonio dos Santos maratona Gotemburgo (Suécia)/1995
Claudinei Quirino 200 m Atenas (Grécia)/1997
Raphael de Oliveira, Claudinei Quirino, Edson Luciano e André Domingos revezamento 4 x 100m Sevilha (Espanha)/1999
Caio Bonfim 20 km da marcha atlética Londres (Inglaterra)/2017
