Mas alguns fatos podem nos ajudar a entender o motivo pelo qual o Brasil poderia ser um dos melhores do mundo, ter uma quantidade maior de atletas e não necessitar nem exigir tanto das nossas estrelas solitárias nos jogos olímpicos e mundiais, que aparecem a cada 10 anos ou mais.
Que os melhores do mundo na corrida de rua estão na África não há dúvidas, os resultados estão aí para justificar essa afirmação.
Os 20 melhores resultados do mundo há muitos anos pertencem a atletas do continente africano e, quando entram na lista atletas de outros continentes, em sua grande maioria são africanos naturalizados.
Na década de 90 era muito comum aparecerem atletas brasileiros entre os melhores do mundo, em especial na corrida de rua. Chegamos em várias maratonas e meias maratonas sendo o único país não africano a ter atletas entre os melhores do mundo. Era comum dizerem que o brasileiro foi o primeiro não africano na prova.
Porém, o Brasil teve um período da sua história marcada pela escravidão, grande parte proveniente da região do chifre da África, por ter maior proximidade com o Brasil.
Esses escravos chegavam de navios através dos portos de Santos e do Rio de Janeiro, espalhando-se em diversas regiões, entre elas a cidade de Campinas, na lavoura de café, mas principalmente, em Diamantina, Ouro Preto, Mariana - cidades históricas de Minas. Depois, foram migrando para várias regiões e formando os quilombolas.
Ou seja, o DNA dos grandes campeões está entre nós.
Outro fato que justifica essa afirmação, é que tivemos um recordista mundial na maratona, o mineiro Ronaldo da Costa, quebrou um recorde que já durava 10 anos e pertencia a um Etíope.
Nosso recordista tem descendência africana. Vale destacar outros grandes atletas brasileiros, que embora não sejam da corrida de rua, também foram referências mundiais como Adhemar Ferreira, João Carlos e Nelson Prudêncio. Atletas acima da curva e referências mundiais.
Então, por qual motivo continuamos a viver de estrelas solitárias no atletismo, principalmente na corrida de rua? O que os países africanos fazem de tão diferente para serem melhores?
Entre várias teorias, destaco abaixo as mais ouvidas: que por serem africanos são mais fortes, que residem na altitude, tem o fêmur maior, tem o tórax maior, correm desde de criança, seus níveis de VO2 é superior, pois desde crianças vão e voltam da escola correndo.
Ronaldo Dias acredita que o que dá uma grande vantagem na adaptação biológica específica para corredores de rua é a ATITUDE.
Esses atletas praticam uma atividade em um país de terceiro mundo, mas que possui os melhores corredores do mundo, e muitas pessoas veem isso acontecendo desde muito cedo com seus irmãos, primos, sobrinhos, colegas de vilarejo, atletas sendo recebidos como heróis, tendo na sua escola uma árvore com o nome de um dos melhores atletas da sua nação.
Junte isso a uma quantidade enorme de praticantes. Não tem como dar errado, é da quantidade que a África tira a sua qualidade!
O texto que fala sobre alguns motivos que fazem dos quenianos os melhores do mundo, pode ajudar a você, corredor amador, a entender que precisamos de muito pouco para nos tornarmos os melhores em nossa categoria e realizar a corrida sem modismo de uma maneira simples e eficiente.
Se fizermos uma conta justa e rápida, relacionando o número de praticantes jovens com idade para serem trabalhados a médio e longo prazo, certamente teremos muito que comemorar o feito dos nossos treinadores e atletas.
Resultados dos maratonistas brasileiros
No ranking sul americano temos o Brasil se destaca com grandes resultados na meia maratona e na maratona, com medalhistas em jogos olímpicos e mundial com resultados entre os top 15.
Chegamos a colocar nos Jogos de Londres três atletas no top 15, feito realizado apenas pelo Brasil nessa edição do jogos. Em mundiais, temos resultados entre os top 10, vencedores das grandes maratonas do circuito mundial como Tokyo, Berlim, Chicago, Nova York e grandes atuações em Londres e Boston, sendo referência sul-americana na corrida de rua.
Para confirmar essas afirmações, seguem os resultados dos nossos maratonistas.
Ronaldo Da Costa: 2:06.05, recordista mundial em Berlim 1998. Medalhista de bronze no Mundial de Meia Maratona 1:00.54, único não africano a ser recordista mundial da maratona, primeiro atleta a correr no pace sub 3´minutos na maratona, fazendo um Sprint negativo ao passar a primeira meia para 1:04.42, e a segunda para 1:01.23.
Daniel do Nascimento: 2:06.10 em Valência 2021, primeiro corredor latino americano mais jovem a correr na primeira meia maratona, em 1:03.01 e a segunda parte da maratona em 1:03.09.
Marilson Gomes dos Santos: 2:06.34, na maratona de Londres 201, 59:33 minutos na meia maratona, recordista sul americano da prova. Bicampeão da maratona de Nova Iorque.
André Ramos: 2:08.26, Boston em 1998. Cabe o destaque em função da altimetria da prova.
Vanderlei Cordeiro De Lima: 2h08.31. Medalhista olímpico em Atenas 2004, campeão da Maratona de Tóquio em 1998.
Luis Antônio dos Santos (em memória): 2h08.55, Rotterdam em 1997, medalhista mundial na maratona, bicampeão da Maratona de Chicago.