As abelhas são responsáveis por polinizar cerca de 70% de todas as plantas do planeta e tem um impacto positivo na produção agrícola. Pensando na importância desses insetos para o equilíbrio do ecossistema, a química e pesquisadora Ana Paula de Souza buscou entender as causas da alta mortalidade deles em sua tese de doutorado.
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Para o estudo, foram analisadas 40 amostras de mel, em que seis apresentaram resíduos do herbicida glifosato acima do limite legal permitido. Nas ceras, foram detectados um ou mais agrotóxicos em 90% das amostras. Ana Paula explica que o pior resultado está relacionado com a reutilização deste produto.
"As abelhas produzem a cera, que é, posteriormente, reciclada. De tempos em tempos, o apicultor a tira, monta o pente [parte da base da colmeia] e o coloca em novas colmeias. Se essa cera está contaminada, a contaminação vai progredindo ao longo dos anos e expondo as abelhas", explica.
O orientador do projeto foi o professor da FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos) Felix Reyes, com coorientação da coordenadora da Divisão de Química Analítica do CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas), Nadia Rodrigues.
Além da importância do inseto para a produção agrícola, a coordenadora destaca que o mel é um alimento saudável, muito utilizado na alimentação de crianças e na composição de xaropes. Por isso, é ainda mais necessário entender se há uma contaminação. Segundo ela, o fato de não haver uma legislação específica apontando os limites toleráveis para os níveis de defensivos agrícolas nos alimentos infantis é preocupante.
Para evitar que os agrotóxicos continuem afetando a população de abelhas e a biodiversidade, Ana Paula Souza recomenda que as práticas agrícolas sejam submetidas a um controle mais adequado quanto ao uso desses produtos. Ela ainda se preocupa com a liberação, no mercado, de outros defensivos agrícolas, resultantes de novas combinações de substâncias.
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