Os solos brasileiros são geologicamente muito antigos. Isso significa que boa parte deles são ácidos e pobres em nutrientes, o que acaba dificultando o desenvolvimento de culturas importantíssimas, como a do milho, por exemplo. Diante desse cenário de uma fertilidade natural do solo considerada baixa, a agricultura moderna passou a priorizar a aplicação de insumos. Um deles é o fósforo, presente em poucas quantidades, até então.
Esse elemento começou a ser aplicado de forma regular na agricultura brasileira por volta da década de 1960. No entanto, as plantas absorvem apenas cerca de 20% a 30% do fósforo que é aplicado, o restante fica retido no solo. Com isso, criou-se um conceito chamado "banco de fósforo".
Em 2018, a Embrapa estimava que um total de 45,7 milhões de toneladas de fósforo foram aplicadas no Brasil desde os anos 60 até o momento da pesquisa. Na ocasião, estimava-se que 22,8 milhões de toneladas desse montante continuassem fixadas no solo.
Ao mesmo tempo que temos essa "reserva" de fósforo no solo, já se fala em uma escassez mundial do nutriente. Segundo estimativas de especialistas, as fontes do elemento poderiam ser esgotadas entre 50 e 100 anos. Mas, com o crescimento acelerado da população mundial e a alta demanda por alimentos, o esgotamento pode levar um tempo ainda menor.
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No caso do "banco de fósforo" brasileiro, o segredo para acessar esse elemento está nas raízes das plantas. Conforme elas crescem e vão se aprofundando no solo em busca de água, produzem alguns açúcares e outras substâncias que alimentam grupos de microrganismos, que por sua vez produzem ácidos orgânicos e enzimas, acessando as reservas de fósforo e ferro, "puxando" esses nutrientes de volta para a planta junto com a água. Assim que são absorvidos, podemos contar com uma planta mais desenvolvida e, consequentemente, com uma maior produtividade e rentabilidade para o produtor rural.
Mas, para a felicidade dos agricultores, hoje em dia o mercado já conta com produtos eficientes que ajudam na solubilização do fósforo no solo, boa parte destinados a grandes culturas, como a soja e o milho.
Através da disponibilização do elemento, eles aumentam o volume de raízes, o que ajuda na absorção de mais água e nutrientes. Essa é uma das soluções para a escassez que podemos enfrentar no futuro.
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